A desoneração da folha de pagamento é uma política fiscal que busca reduzir os encargos tributários sobre os salários pagos pelos empregadores. Essa medida é parte de um conjunto de iniciativas destinadas a aliviar a carga tributária sobre as empresas, aumentar a competitividade, estimular a formalização do mercado de trabalho e promover a geração de empregos. No Brasil, a desoneração da folha de pagamento foi implementada pela primeira vez em 2011 e passou por diversas reformulações ao longo dos anos. Este texto aborda de maneira abrangente os antecedentes, objetivos, mecanismos, impactos, desafios e perspectivas dessa política.
1. Antecedentes e Contexto Histórico
O sistema tributário brasileiro é complexo e inclui uma série de tributos que incidem diretamente sobre a folha de pagamento das empresas. Tradicionalmente, os empregadores são obrigados a contribuir com 20% sobre a folha de pagamento para a Previdência Social, além de outras contribuições, como as destinadas ao FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e ao sistema “S” (SESI, SENAI, SESC, SENAC, entre outros). Esses encargos aumentam significativamente o custo de contratação formal, criando um ambiente pouco favorável à geração de empregos e à competitividade empresarial.
O elevado custo da folha de pagamento é apontado como um dos fatores que contribuem para o alto nível de informalidade no mercado de trabalho brasileiro. Muitos empregadores, especialmente pequenas e médias empresas, encontram dificuldades em arcar com todos os encargos trabalhistas e optam por contratar trabalhadores de forma informal, sem registro em carteira, o que resulta na exclusão desses trabalhadores dos benefícios previdenciários e trabalhistas.
A ideia de desonerar a folha de pagamento surgiu como uma resposta a essas dificuldades. A política de desoneração busca reduzir o custo de contratação, incentivando a formalização do trabalho e, ao mesmo tempo, promovendo a competitividade das empresas em um cenário global cada vez mais desafiador.
1.1. Início da Desoneração
A desoneração da folha de pagamento foi introduzida no Brasil em 2011, durante o governo da presidente Dilma Rousseff, como parte do Plano Brasil Maior, que tinha como objetivo principal estimular a economia e fortalecer a indústria nacional em meio à crise financeira global de 2008. A medida foi inicialmente implementada em caráter experimental e setorial, abrangendo setores considerados estratégicos e intensivos em mão de obra.
A primeira fase da desoneração incluiu setores como tecnologia da informação (TI), têxtil, calçados, móveis e call centers. O objetivo era testar o impacto da medida nesses setores antes de expandi-la para outros ramos da economia. A desoneração foi acompanhada por uma substituição da contribuição previdenciária patronal de 20% sobre a folha de pagamento por uma alíquota sobre o faturamento das empresas, variando entre 1% e 2,5%, dependendo do setor.
1.2. Expansão da Desoneração
Dado o sucesso inicial da medida e a pressão de outros setores econômicos, o governo decidiu expandir a desoneração da folha de pagamento para outros ramos da economia. Em 2014, a desoneração foi ampliada para 56 setores, abrangendo desde a indústria até os serviços, com alíquotas variando de 1% a 4,5% sobre o faturamento.
Essa expansão foi acompanhada de debates acalorados sobre os benefícios e custos da desoneração. De um lado, os defensores da medida argumentavam que ela era essencial para reduzir o custo de contratação, estimular o emprego e aumentar a competitividade das empresas brasileiras. De outro, críticos apontavam para o impacto fiscal negativo da desoneração, que resultou em uma queda significativa na arrecadação previdenciária e agravou o déficit nas contas públicas.
2. Objetivos da Desoneração da Folha de Pagamento
A desoneração da folha de pagamento foi implementada com diversos objetivos econômicos e sociais. Os principais incluem:
2.1. Redução do Custo de Contratação
O principal objetivo da desoneração é reduzir o custo de contratação de mão de obra formal. Ao substituir a contribuição previdenciária sobre a folha de pagamento por uma alíquota sobre o faturamento, o governo buscou aliviar a carga tributária que recai sobre os empregadores. Isso tornaria mais barato contratar e manter trabalhadores formais, incentivando a formalização do mercado de trabalho.
2.2. Estímulo à Geração de Empregos
Com a redução dos encargos sobre a folha de pagamento, esperava-se que as empresas aumentassem suas contratações, gerando mais empregos formais. Esse objetivo era particularmente importante em um contexto de crise econômica, em que o desemprego tende a aumentar e a informalidade a crescer. A desoneração foi vista como uma ferramenta para mitigar os efeitos negativos da crise sobre o mercado de trabalho.
2.3. Aumento da Competitividade das Empresas
Outro objetivo central da desoneração era aumentar a competitividade das empresas brasileiras, especialmente em setores que enfrentam forte concorrência internacional. Ao reduzir os custos trabalhistas, a medida ajudaria as empresas a competir em pé de igualdade com concorrentes de países onde os encargos sobre a folha de pagamento são menores.
2.4. Estímulo à Formalização do Trabalho
A desoneração também foi vista como um meio de combater a informalidade no mercado de trabalho. Ao tornar mais atrativa a contratação formal, a medida visava trazer mais trabalhadores para dentro do sistema formal de emprego, garantindo-lhes acesso a benefícios como previdência social, seguro-desemprego e FGTS.
3. Mecanismos da Desoneração
A desoneração da folha de pagamento no Brasil foi implementada por meio de dois principais mecanismos:
3.1. Substituição da Contribuição Previdenciária Patronal
O principal mecanismo da desoneração foi a substituição da contribuição previdenciária patronal de 20% sobre a folha de pagamento por uma alíquota sobre o faturamento das empresas. Esse novo tributo sobre o faturamento foi denominado Contribuição sobre a Receita Bruta (CRB).
A alíquota da CRB variava de acordo com o setor de atividade. Setores com maior intensidade de mão de obra, como o têxtil e o calçadista, foram beneficiados com alíquotas menores, enquanto setores com menor intensidade de mão de obra, como a indústria de bens de capital, tiveram alíquotas mais elevadas. A ideia era que, ao vincular a contribuição ao faturamento, o governo reduziria o custo de contratação e incentivaria a geração de empregos.
3.2. Setorização e Expansão Gradual
Inicialmente, a desoneração foi limitada a alguns setores específicos, considerados estratégicos e intensivos em mão de obra. Essa abordagem setorial permitiu ao governo avaliar o impacto da medida antes de expandi-la para outros ramos da economia.
Com o tempo, no entanto, a desoneração foi expandida para incluir uma gama mais ampla de setores, refletindo a pressão de diferentes indústrias por alívio fiscal. Essa expansão, embora tenha beneficiado um número maior de empresas, também aumentou o custo fiscal da medida, o que gerou críticas sobre sua sustentabilidade.
4. Impactos da Desoneração da Folha de Pagamento
A desoneração da folha de pagamento teve uma série de impactos econômicos e sociais, tanto positivos quanto negativos. A seguir, são explorados alguns dos principais efeitos dessa política.
4.1. Impactos sobre o Mercado de Trabalho
4.1.1. Geração de Empregos Formais
Um dos principais impactos positivos da desoneração foi a criação de empregos formais, especialmente nos setores beneficiados pela medida. Estudos indicam que a redução dos encargos trabalhistas ajudou a mitigar o aumento do desemprego durante a crise econômica e incentivou a formalização do trabalho, ainda que os resultados não tenham sido uniformes em todos os setores.
No entanto, a magnitude desse impacto foi modesta em termos gerais. A desoneração contribuiu para a criação de empregos em setores específicos, mas não foi suficiente para reverter a tendência de aumento do desemprego no país como um todo, especialmente em períodos de recessão econômica.
4.1.2. Formalização do Trabalho
A desoneração também teve um impacto positivo na formalização do trabalho. Ao reduzir o custo de contratação formal, a medida incentivou muitos empregadores a registrar seus trabalhadores, garantindo-lhes acesso aos direitos trabalhistas e previdenciários. No entanto, a alta informalidade no Brasil é um problema estrutural, que depende de uma série de outros fatores além do custo da folha de pagamento, como a rigidez da legislação trabalhista e a baixa qualificação da força de trabalho.
4.2. Impactos sobre a Competitividade Empresarial
4.2.1. Redução de Custos
A desoneração da folha de pagamento ajudou a reduzir os custos operacionais das empresas, especialmente em setores intensivos em mão de obra. Isso foi particularmente importante em ramos como o têxtil, calçadista e de tecnologia da informação, que enfrentam forte concorrência de produtos importados, especialmente da Ásia.
Ao aliviar parte da carga tributária, a desoneração permitiu que essas empresas competissem em melhores condições no mercado interno e externo, ajudando a preservar empregos e a manter suas operações no Brasil.
4.2.2. Aumento da Competitividade Internacional
Em um contexto de globalização, onde as empresas brasileiras enfrentam concorrentes de países com custos trabalhistas significativamente
Desoneração da folha de pagamento
Sobre a Silvestrin
A Silvestrin realiza há mais de 40 anos, com extremo cuidado, os procedimentos das rotinas de terceirização de folha de pagamento, com facilidades completas que vão desde portais de autoatendimento, área restrita e aplicativo de celular para gestores e colaboradores, integrações contábeis e bancárias e ponto eletrônico, assim como soluções complementares, como a administração de benefícios e a consultoria trabalhista, sempre oferecendo todo o suporte necessário para garantir a eficiência dos processos.
Finalmente, caso tenha alguma dúvida ou precise de suporte, não hesite em entrar em contato conosco. Teremos o prazer de atendê-lo e ajudá-lo no que for preciso:
💙 Silvestrin Folha de pagamento
📍 Rua Humberto I, n° 371 – 1° andar – Conj 11 – Vila Mariana